sábado, outubro 3

TOP 20 características do cristão

Por Renan Pedroso:


1 – “Não impõe limites à sua mente, embora reconheça que esta é limitada.”

Reconhece sua mente como finita e subjetiva; jamais a colocará como o centro do universo, como o crivo de todas as coisas. Contudo, sabe que a mente humana é mais do que mero raciocínio lingüístico, mais que mero silogismo, e, portanto, não se restringe a eles na sua busca pela verdade. É fiel à visão que teve de Deus em sua alma. Deus é sua maior certeza.


2 – “Vive pelo temor, mas não conhece o medo.”

·O cristão tem temor de Deus; esse temor orienta seu agir. A visão que teve do Altíssimo resulta nesse temor, que consiste em um misto aterrorizante e delicioso de auto-aniquilação, deslumbramento e responde com reverência. Apesar desse temor em que vive submerso, ele não conhece o medo. Visto não impor limites artificiais à sua mente, ele aceita e recebe tudo o que se lhe apresenta sem medo de que abalem sua estrutura. Se forem corretas, crescerá; se forem tolas, as refutará; se forem difíceis, calará de modo sábio. É uma pessoa sempre sedenta pela verdade e pela beleza por trás de tudo. Além disso, a sua união com Deus expulsa qualquer medo de perda ou vaziez.

3 – “Concebe dois grandes períodos em sua vida, e ao mesmo tempo não consegue ver divisões nela.”

Sabe nitidamente diferenciar o ser que era antes de encontrar Deus; sabe nitidamente que a transformação foi radical. Sabe que nasceu de novo. Após ter visto a Deus, enfrentou uma mudança geral no modo se ver e de ver o mundo à sua volta. Contudo, após renascer, percebe que Deus já estava nele desde o princípio, abençoando-o, desenvolvendo-o, guiando-o: apenas não percebia.

4 – “Não crê que tudo seja Deus, mas vê Deus em tudo.”

Sabe que toda a criação é oriunda de Deus, é uma manifestação dele, e que cada coisa criada carrega um pouco do infinito de Deus. O cristão, assim, tem respeito por toda a Natureza, se regozija com as belezas da vida, curte as sensações sem medo ou pudor. Isso faz com que ele (1) veja tudo como sendo sagrado; (2) dê valor às pequenas coisas, e (3) ao mesmo tempo, não ponha o coração nelas, por ver que são setas apenas – setas para o Infinito.

5 - “Reprova o mal, ao mesmo tempo em que não crê em sua existência.”

Ele faz coro ao veredito de Gênesis 1 de que tudo é muito bom. Ele não vê o mal como tendo real existência; como Deus, ele não extingue as trevas com a criação da luz, mas forma o dia e a noite com ambas. Acha que o mal é a mera ausência de bem e que esse jogo de opostos tem alguma razão para existir.

6– “Valoriza o amor como o maior exercício da mente humana.”

Ele é consciente de que o conhecimento humano é imperfeito, mero “reflexo obscuro”. Ele é consciente de que as boas obras só têm valor universal se feitas de modo autêntico, com amor. Ele é consciente de que a fé só é um instrumento para chegar ao Amor de Deus. Ele é consciente de que a esperança e os sonhos futuros são menores que o amor, porque a esperança espera o amor.

7 – “Só ama, no fundo, uma coisa; e, ao mesmo tempo, todas as coisas.”

O cristão entende que Deus é a única fonte da existência, da beleza e da glória que enche a terra. Se ele ama ao próximo e às coisas do mundo, é porque reconhece nessas coisas a imagem de Deus. Se ele não ama ao irmão, que vê, não pode amar a Deus, a quem não vê. O resultado é um amor pela vida e por si mesmo, e um respeito profundo pela humanidade.

8 – “Ama a si mesmo, e nega a si mesmo.”

Ao mesmo tempo em que se contempla alegremente como uma revelação finita de Deus, ele não se prende a si: prefere se unir à fonte infinita da qual é um pequeno reflexo. O cristão consegue, assim, combinar o amor por si com um total desapego ao próprio destino, ao que comer, ao que vestir, ou ao que saber. Ele é capaz de dizer de peito cheio: “seja feita a tua vontade”.

9 – “Obedece à Lei, não estando debaixo de nenhuma Lei.”

Obedece à Lei divina não por mero ritualismo, mas porque a vê de modo moral, como um retrato moral de Deus, um modelo que segue espontaneamente na medida em que se torna mais e mais semelhante a Deus. Afirma veementemente junto com Paulo que a Lei não ajuda nem um pouco na nossa união com Deus, e sim orienta o nosso andar após essa união.

10 –“ Recebe uma pancada na face, e oferece a outra.”

Ciente de que somos todos essencialmente iguais, igualmente dignos e indignos, o cristão perdoa de modo espontâneo os erros de outrem. Não dá lugar à vingança. Pelo contrário: perdoa por se identificar com o outro. Lembra das palavras de Cristo: se não perdoas o próximo, não recebes perdão de Deus. E isso pelo simples fato de que se não considero o próximo digno de meu perdão, estou me considerando indigno de perdão também. O cristão é perdoador, e não procura perdoar como o mundo faz: não tenta justificar o erro do outro para conseguir perdoá-lo, mas perdoa o outro apesar do seu erro.

11 – “Procura discernir o útil do reprovável, mas não julga a ninguém.”

No mesmo princípio de que somos todos iguais, o cristão não julga os outros para não ter que condenar a si mesmo juntamente. Como diz Cristo: “não reparas na trave que está no teu próprio olho?”. O cristão se abstém de julgar. Ele não espalha constrangimento e juízo por onde passa, e sim amor, porque enfatiza o lado bom das pessoas, o lado que deve ser mantido e estimulado por meio da união com Deus.

12 – “Crê num Deus vivo que se revela por sua própria morte, num Deus infinito que se tornou finito, num Senhor que veio para servir, num Deus transcendente que se fez carne.”

O cristão atinge aqui o maior de seus paradoxos. Crê num Criador que se fez criatura por amor de nós. Crê numa Vida que morreu por amor de nós. Crê no Infinito que se revela à humanidade por se interseccionar com a mesma num corpo humano, o corpo de Jesus. O absurdo da cruz é o âmago do cristianismo. O cristão não nega que Deus se revele pela natureza e mesmo por outras religiões: mas afirma que a revelação plena de Deus é aquela que ocorre quando ele não apenas se aproxima da humanidade, mas se torna humano na pessoa de Cristo.

13 - “As verdadeiras comida e bebida são o corpo e sangue de Cristo.”

Em Cristo, revelação plena de Deus, imagem do Deus invisível, como diz Paulo, o cristão encontra toda a fonte de felicidade e de vida. A tal ponto que os alimentos físicos que nos sustentam a vida parecem metáforas diante do sustento espiritual de Cristo. Esse é o sentido espiritual do qual a eucaristia é uma bela metáfora.

14 – “Vê o invisível, ouve o inaudível”

O cristão supera aquela insensatez sensualista que coloca os cinco sentidos como os supremos determinantes do que existe ou não de fato. É humilde a ponto de reconhecer que somos limitados e só captamos uma ínfima parte da realidade com os sentidos físicos. Sabe que fotografias não registram sons, mas ainda sim os sons existem. Sabe que a certeza da existência e da verdade está além da mera sensação. Sabe que Deus fala mesmo sem ter que usar cordas vocais físicas; sabe que as coisas mais inusitadas são modos de transmitir informação, e que a voz de Deus fala dentro de nós mesmos.

15 – “É mais forte quando é fraco”

A força e a supremacia, seja em questão física, intelectual ou social, podem dar a falsa noção de suficiência e independência. O cristão percebe que a maior força que obtém é quando se encontra fraco, porque, então, está fora do alcance da soberba e mais apto a ouvir o direcionamento de Deus e ser um instrumento em suas mãos.

16 – “Sabe viver na riqueza e na pobreza igualmente”

Diferentemente da falsa teologia dos dias de hoje, a prosperidade financeira não é dever de Deus para os seus servos, e não é sinal que meça a fé ou a justiça de tal servo. Pelo contrário: mais bem-aventurados ainda são os pobres, porque mais facilmente sabem colocar sua mente em Deus, e não nas coisas criadas.

17 – “Torna-se maior quando se faz servo”

O cristão também sabe que se torna mais útil e mais elevado diante de Deus quando, em humildade real, sabe se colocar como servo, esvaziando-se em doação.

18 – “Quer viver e quer morrer”

Fazendo eco às palavras de Paulo, o cristão fica dividido neste mundo. Sabe que o porvir será exultação e alegria eternas na presença de Deus; mas a vida neste mundo significa o heroísmo de ver Deus aqui apesar do mal, e levar outras almas a essa mesma contemplação da verdade. Viver é Cristo, morrer é lucro.

19 - "Esforça-se para atingir a perfeição, mas sabe que a sua salvação é inteiramente gratuita, pelo sangue suficiente de Cristo, que julga o coração das pessoas"

Como diz a própria Bíblia, o plano de salvação não dá margem à soberba humana: devemos nossa existência inteiramente a Deus.

20 - "É humilde sem hipocrisia"

Sabe que a verdadeira humildade não é se rebaixar indefinidamente, mas reconhecer o seu papel, a sua missão, as suas capacidades, a sua vocação, e concentrar seu modo agir nisso. É reconhecer seu valor e seu limite.

1 reflexões:

TRosa disse...

Sensacional.... Estou gostando muito da leitura!