segunda-feira, abril 19

O cristianismo como essência, e não como forma

Domingo a noite. Chegava a hora de dormir e eu não me sentia com sono. Resolvi pegar a bíblia para ler. Me lembrei que já fazia algum tempo que ela estava ali, intocável. Sentia-me a procura de algo, de uma palavra de sabedoria para o momento. Li sobre a multiplicação dos pães, sobre o caminhar de Jesus sobre as águas e a falta de fé de Pedro. Mesmo que eu já tivesse lido estes trechos milhares de vezes, ainda os leio com certo espanto. Mas não era isso o que procurava.


Logo depois, o texto revelou uma discussão entre Jesus e os fariseus que tomou conta da minha mente até agora. E é sobre isso que esse post vai falar.

Os fariseus perguntaram a Jesus por que os seus discípulos não lavam as mãos antes das refeições. É lógico, que, para os fariseus, de acordo com a Lei, comer um alimento sem antes lavar as mãos, tornava Jesus e seus discípulos impuros.

Jesus os repreende dizendo que a impureza não vem daquilo que entra pela boca ("o alimento vai ao estômago e daí para fossa": palavras do Mestre), mas sim do que sai da boca, que é proveniente do coração. Isto é: as calúnias, as difamações, os assassinatos, a prostituição, as mentiras, etc. Portanto, deixar de lavar as mãos antes das refeições não vai te deixar impuro.

A princípio, isso parece banal. Mas Jesus vai mais longe do que se pode pensar. Jesus vai além de todas essas formas de seguir uma religião. Ele vai na essência. E se enganam se acham que isso não existe no mundo de hoje: existe e muito! E para mim, uma hipocrisia das grandes reina nessas novas seitas.

Vejamos alguns exemplos deste trecho aplicado hoje:
  • Não comer carne vermelha na Semana Santa (católica): tudo bem, eu respeito a tradição, mas comer ou não comer, o que importa? Na sexta você não come carne, mas no sábado humilha um empregado.

  • Não tomar bebida alcoólica (algumas igrejas batistas, neopentecostais, adventistas): Jesus bebia vinho, fato. Mais absurdo ainda é expulsar um membro da igreja por ele estar bebendo uma cervejinha, mesmo que socialmente. De que adianta não poder beber em público, mas à noite bebe dentro de casa escondido?

É engraçado como Jesus via as coisas tão simples. E as religiões complicaram tudo. Jesus nunca disse que temos que ir na igreja para ser salvos, nunca disse que temos que fazer vigílias, que não podemos beber isso, ou comer aquilo, ou não podemos pular carnaval, que somos obrigados a dizimar, a rezar o terço, a tocar a santa, a dar gritos de aleluia, a subir montes para orar...

E depois de refletir sobre tudo isso, cada vez mais, quando penso na sementinha de mostarda, vejo que realmente o Reino de Deus está nas coisas pequenas da vida.

Jesus só dizia: o que o seu coração está pensando? o que o seu coração está sentindo? você ama o seu próximo? ama a Deus? então por que se preocupar com o resto? O cristianismo não é esse monte de regras que estamos acostumados a ver. Temos que dar uma escovada nesse monte de "padrões para ser cristão".

A paz...

3 reflexões:

Renan Pedroso Batista disse...

Eu diria que a mensagem de Cristo aos fariseus está se tornando ainda mais chocante aos nossos dias, tempos em que soa cada vez mais estranho aos ouvidos do povo a idéia de que o mal do mundo vem da impureza interna do nosso coração.

As pessoas estão indo a igrejas para terem seus problemas resolvidos e para terem os demônios dedetizados, mas não se fala mais em ter o coração purificado...

Mais uma vez, prazerosa leitura. Abraço.

Day disse...

Belo post,
bela imagem!

A Paz.

Diego Borçoi disse...

Muito bom LP! E de vez em quando somos obrigados a ouvir: "poxa, você não vai mais à igreja, toma cuidado hein" ou coisas parecidas.

A paz para todos nós!