sábado, julho 31

Constantino, vilão ou mocinho?



O CONTEXTO HISTÓRICO

"Para cortar os boatos, Nero [o imperador romano que incendiou Roma] deu como culpados e submetidos a penas refinadíssimas aqueles que o povo chamava 'cristãos', odiados pela sua iniquidade. Tal nome vinha de Cristo que, sob o reino de Tibério, foi supliciado por ordem do procurador Pôncio Pilatos. Momentaneamente reprimida, a nefasta superstição se propagou de novo não só nas terras da Judéia, onde esta doença tinha origem, mas também em Roma, onde de toda parte qualquer coisa atroz ou vergonhosa emergia e vinha praticada."
(Annales, 44-2,3. Públio Cornélio Tácito, 55-120 d.C.)


Os cristãos - adiciona Tácito - foram condenados não só pelo incêndio doloso, como pelo seu ódio contra o gênero humano. Palavras - como se vê, duríssimas - para nós absolutamente incongruentes. Tácito foi um historiador romano que viveu entre 55 e 120 depois de Cristo. Viu-se aqui, portanto, que desde sua origem, o cristianismo teria que enfrentar muitas pessoas para conseguir realmente se consolidar como uma religião aceita por todos.

Os seguidores de Cristo foram fortemente perseguidos mais tarde durante o reinado dos imperadores Trajano (112 d.C), Marco Aurélio, Décio, Valeriano e Diocleciano. Os cristãos (ao contrário dos judeus que não queriam converter ninguém) estavam convertendo os pagãos, tomando postos políticos/administrativos altos e, com a anunciação por parte deles da 'vinda do Reino de Deus', os romanos começaram a se assustar porque temiam que perdessem o poder e a autoridade para eles. E assim, iniciou-se a perseguição, que durou até o reinado de Constantino I por volta de 314 d.C; quando os cristãos puderam respirar após praticamente 200 anos de castigos, cruficifações e humilhação pública.
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CONSTANTINO, VILÃO OU MOCINHO?

Muito se fala sobre Constantino:

1. Ele se batizou para ganhar a confiança dos cristãos.

MENTIRA, ele se batizou antes de morrer.

2. Foi ele o criador da Igreja Católica e fundador da forma mais deturpada de cristianismo que se tem hoje.

EM PARTES, a igreja já estava tentando se organizar há muito tempo e conseguiu no reinado de Constantino I. A Igreja Católica é fruto de séculos de experiências, papas, concílios, sacerdotes, conflitos, reestruturações e não devido a UMA PESSOA apenas. No entanto, posso dizer que a civilização ocidental moldada pelos costumes cristãos não seria a mesma sem Constantino. Durante muito tempo foi a Igreja Católica a principal representante do Cristianismo até a revolução protestante. Posso afirmar, com certeza que, sem Constantino e a Igreja Católica, não teríamos revolução protestante e muito menos teríamos o cristianismo do jeito que enxergamos hoje. Seríamos budistas ou muçulmanos.

3. Foi ele o mandante do Concílio de Nicéia.

EM PARTES, a idéia da convocação do Concílio não se originou dele.

4. Foi quem selecionou os livros da Bíblia.

MENTIRA, a bíblia já estava em processo de finalização antes dele subir ao trono.


Comecemos então, por apresentar algumas informações que permitem ao leitor julgá-lo segundo fontes históricas:

Mocinho:
Vejamos bem, nenhuma religião pode florescer e se estabilizar se não houver a aprovação de algum rei, imperador ou governante de alguma região. Foi assim, por exemplo com a filosofia budista (aceita pela governante Asoka, na Índia). Através do Édito de Milão, Constantino I reprime de vez a perseguição aos cristãos e faz mais: dá liberdade de culto aos seguidores de Cristo. Se tivermos que colocar um pessoa importantíssima para a expansão do cristianismo, essa pessoa será Constantino. Ponto para ele.

Vilão:
Nem sempre Constantino I foi imperador de Roma. Ele teria que lutar contra 3 outros césares para conseguir tomar o seu trono. Era um brilhante estrategista, e vendo que os cristãos abocanhavam grande parte da sociedade naquele instante, se aliar aos cristãos, dizendo que teve uma visão de Deus, e unir no mesmo exército pagãos e cristãos, daria a ele uma superioridade numérica, além de que, os pagãos eram extremamente supersticiosos: quando seus inimigos pagãos vissem a bandeira cristã em campo de batalha, tremeriam de medo. Constantino usou o cristianismo para se tornar o imperador de Roma e para mantê-lo no trono.

Mocinho:
Chegando ao trono, Constantino I incluiu o espírito cristão na legislação romana: por exemplo, aboliu o suplício da cruz e terminou com a luta de gladiadores. Ponto para ele.

Vilão:
Em sua vida particular, matou seu sogro Maximiniano e depois o seu filho Flavio Crispo.

Mocinho:
Ao contrário do que se pensa, não foi Constantino I o idealizador do Concílio de Nicéia (na atual Turquia). Os cristãos da igreja de Alexandria (na África) não queriam aceitar um bispo herético donatista, Cecílio, e recorreram à autoridade do imperador para convocar um concílio afim de que os bispos gauleses opinassem sobre o assunto - e é lógico, por trás disso existia também a heresia de Ário e eles queriam cortar o mal pela raiz. No Concílio de Nicéia, junto aos bispos gauleses, Constantino reprimiu a heresia de Ário e deu fim aos donatistas. Ponto para ele.

Vilão:
Contradizendo pois a tolerância proclamada em seu Édito, começou a perseguir os seguidores de Ário, dando assim início a uma perseguição "reversa", não mais contra os cristãos, mas contra aqueles que permaneciam fiéis às velhas religiões. A perseguição contra os seguidores do arianismo foi de fato só o início. Em 392 d.C., o imperador Teodosio cria um Édito com a qual os sacrifícios pagãos e a simples frequência em templos não-cristãos venham a ser punidos até com a morte.

Mocinho/Vilão:
Constantino I se batizou em seu leito de morte apenas, em seus últimos suspiros de vida. A pergunta que fica é: ele realmente se arrependeu e se batizou? Ou ele se batizou por temer o inferno cristão? Queria ele dar o exemplo? Ou foi também uma questão de estratégia política?

Fonte: Inchiesta su Gesù - Corrado Augias
BBC - Série Grandes Imperadores - Constantino

2 reflexões:

Alex Silva disse...

SALVE MARIA!
Meu caro, gostaria de lhe informar que Constantino não é fundador da Igreja Católica, nem em partes. Independentemente da existência de sua conversão e posterior ajuda ao desenvolvimento da Igreja de Cristo, a Igreja superaria os tempos de perseguição e triunfaria, pois o próprio Cristo quem disse "o poder do inferno não prevalecerá sobre ela"!

E mais um ponto meu caro, não existe "novo cristianismo", só existe o cristianismo católico, pois é impensavel mais de uma igreja de Cristo. Contradição, tudo que gera divisão e guerra não pertence a Cristo. É lamentável e vergonhoso a existência de pessoas que se dizem seguir cristo mas não aderir à sua Igreja, que é Católica, ou como o próprio termo Católica já diz, "aquela que está em plena totalidade, que não se perdeu nada" muito mais do que a simples tradução para universal.

A europa não foi moldada por Constantino, mas sim pela igreja de Cristo, pelos mosteiros fundados em terras pagãs, que levaram e desenvolveram a ciência e cultura a aquelas terras e que foi grande pioneira em muitas áreas, como é até hoje. É essa Igreja que vocês "protestantes" ignoram quem mais fundou escolas em todos os séculos de sua existência,quem inventou e fundou o sistema universitário. Guardiã da sabedoria e cultura.

Muito Obrigado, fique com Deus.

Anônimo disse...

Meu amigo.. Cristo é Católico?
Você esqueceu ou não leu a parte em que ele nasce e é criado em um lar judeu...
Nada contra os católicos mas alegarem que apenas vcs estão corretos é demais... blz vcs foram torturados por mais de 200 anos. Mas depois disso o que vcs fizeram com as outras religiões não foi a mesma coisa? (quem com ferro fere, com ferro será ferido) não acredito que o Cristo, católico ou não, acredita nisso..

Reflita meu amigo...