O problema central da existência humana é ser feliz. Mas essa felicidade não deve depender de algo que não dependa dele; não deve ser criada por circunstâncias externas, mas deve brotar da profundeza interna do próprio homem. Felicidade, ou pseudo-felicidade, criada por circunstâncias externas, pode ser também destruída por essas circunstâncias; é precária e incerta, e por isso não é verdadeira e duradoura felicidade.
Ser feliz vem de ser bom.
Mas há dois modos de ser bom: pode o homem ser sacrificialmente bom - e pode ser jubilosamente bom. Somente este segundo tipo de ser bom é que resolve, definitivamente, o problema central da felicidade humana. Enquanto o ser bom ainda for difícil, amargo, sacrificial, está o homem a caminho da felicidade mas ainda não é solidamente feliz. Enquanto o homem da terra não fizer a vontade de Deus assim como o fazem os homens dos céus - isto é, espontânea e jubilosamente - não está garantida a felicidade do homem.
Mas esse cumprimento da vontade de Deus, assim na terra como nos céus, é impossível ao homem que não tenha experiência íntima e direta de Deus - porque essa experiência de Deus coincide com a experiência do verdadeiro Eu do próprio homem. Se é verdade que esse Eu central do homem é "o espírito de deus que habita no homem", no dizer de São Paulo, ou "o reino de Deus dentro do homem", então a experiência do nosso divino Eu é a experiência do próprio Deus. O Deus imanente no homem é o Deus transcendente do universo.
O homem que chega a essa experiência vital chegou ao conhecimento da verdade - da verdade libertadora.
E só esse homem é solida e irrevogavelmente feliz.
Sem essa experiência o homem é infeliz, no meio de todos os seus gozos.
Com essa experiência o homem é feliz, mesmo no meio de sofrimentos.
Felicidade ou infelicidade são estados do Eu central, são algo que o homem é, e não algo que ele apenas tenha.
A perfeita harmonia do Eu humano com a Realidade Divina é a felicidade.
(In: A Experiência Cósmica, Huberto Rohden, Editora Martin Claret, São Paulo, 1997.)
2 reflexões:
sabe, eu acho os livros desse sr. Rohden "muito doidos"... se bem que eu faço uns comentários "muito doidos" por aí...
"o homem ser sacrificialmente bom - e pode ser jubilosamente bom"
pode parecer antagônico, mas talvez haja júbilo no sacrifício, prazer com certeza existe. e há felicidade no prazer.
não acredito nessa história de que "a verdadeira felicidade está na harmonia com deus", mas na harmonia (essa não é a palavra certa) consigo mesmo. pessoas que não acreditam em si mesmas, não são felizes. por isso, o ser humano como centro seria o mais próximo da verdadeira felicidade para toda a sociedade.
Petite,
Sr. Rohden também dá algumas dentro.
Acredito que o autoconhecimento é um dos passos para o perfeito equilíbrio da alma. Jesus não estava errado quando disse "ama ao próximo como a ti mesmo", afinal, só conseguimos amar o próximo quando conseguimos nos aceitar. E para nos aceitar, devemos nos conhecer e sermos felizes com o que somos. E devo dizer, se não conseguirmos, procuremos a Deus.
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