terça-feira, fevereiro 10

A natureza da felicidade e sua relação com Deus


O problema central da existência humana é ser feliz. Mas essa felicidade não deve depender de algo que não dependa dele; não deve ser criada por circunstâncias externas, mas deve brotar da profundeza interna do próprio homem. Felicidade, ou pseudo-felicidade, criada por circunstâncias externas, pode ser também destruída por essas circunstâncias; é precária e incerta, e por isso não é verdadeira e duradoura felicidade.


Ser feliz vem de ser bom.

Mas há dois modos de ser bom: pode o homem ser sacrificialmente bom - e pode ser jubilosamente bom. Somente este segundo tipo de ser bom é que resolve, definitivamente, o problema central da felicidade humana. Enquanto o ser bom ainda for difícil, amargo, sacrificial, está o homem a caminho da felicidade mas ainda não é solidamente feliz. Enquanto o homem da terra não fizer a vontade de Deus assim como o fazem os homens dos céus - isto é, espontânea e jubilosamente - não está garantida a felicidade do homem.

Mas esse cumprimento da vontade de Deus, assim na terra como nos céus, é impossível ao homem que não tenha experiência íntima e direta de Deus - porque essa experiência de Deus coincide com a experiência do verdadeiro Eu do próprio homem. Se é verdade que esse Eu central do homem é "o espírito de deus que habita no homem", no dizer de São Paulo, ou "o reino de Deus dentro do homem", então a experiência do nosso divino Eu é a experiência do próprio Deus. O Deus imanente no homem é o Deus transcendente do universo.

O homem que chega a essa experiência vital chegou ao conhecimento da verdade - da verdade libertadora.

E só esse homem é solida e irrevogavelmente feliz.

Sem essa experiência o homem é infeliz, no meio de todos os seus gozos.

Com essa experiência o homem é feliz, mesmo no meio de sofrimentos.

Felicidade ou infelicidade são estados do Eu central, são algo que o homem é, e não algo que ele apenas tenha.

A perfeita harmonia do Eu humano com a Realidade Divina é a felicidade.

(In: A Experiência Cósmica, Huberto Rohden, Editora Martin Claret, São Paulo, 1997.)

2 reflexões:

Silvana Persan disse...

sabe, eu acho os livros desse sr. Rohden "muito doidos"... se bem que eu faço uns comentários "muito doidos" por aí...

"o homem ser sacrificialmente bom - e pode ser jubilosamente bom"

pode parecer antagônico, mas talvez haja júbilo no sacrifício, prazer com certeza existe. e há felicidade no prazer.

não acredito nessa história de que "a verdadeira felicidade está na harmonia com deus", mas na harmonia (essa não é a palavra certa) consigo mesmo. pessoas que não acreditam em si mesmas, não são felizes. por isso, o ser humano como centro seria o mais próximo da verdadeira felicidade para toda a sociedade.

L.P.Faustini disse...

Petite,

Sr. Rohden também dá algumas dentro.

Acredito que o autoconhecimento é um dos passos para o perfeito equilíbrio da alma. Jesus não estava errado quando disse "ama ao próximo como a ti mesmo", afinal, só conseguimos amar o próximo quando conseguimos nos aceitar. E para nos aceitar, devemos nos conhecer e sermos felizes com o que somos. E devo dizer, se não conseguirmos, procuremos a Deus.